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VÍDEO: terreiro alvo de ataques há 2 anos recebe carta com nova ameaça a pai de santo: 'Mandam matar'

Centro religioso fica em Campinas (SP) e, de acordo com pai de santo, tem recebido ataques constantes. Região teve 27 denúncias de intolerância religiosa em ...

VÍDEO: terreiro alvo de ataques há 2 anos recebe carta com nova ameaça a pai de santo: 'Mandam matar'
VÍDEO: terreiro alvo de ataques há 2 anos recebe carta com nova ameaça a pai de santo: 'Mandam matar' (Foto: Reprodução)

Centro religioso fica em Campinas (SP) e, de acordo com pai de santo, tem recebido ataques constantes. Região teve 27 denúncias de intolerância religiosa em 2024, segundo Disque-100. Terreiro alvo de ataques há 2 anos recebe bilhete com nova ameaça a pai de santo Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra o momento em que um homem deixa uma carta com ameaças de morte a um pai de santo em um terreiro de Campinas (SP). Nas imagens é possível ver quando ele joga o papel dobrado por baixo do portão e vai embora. Carlos Alberto Marques Júnior, pai Faku, diz que esse é apenas um de uma série de ataques que o centro religioso recebe há dois anos. O caso foi no domingo (19) e nesta terça (21), Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, ele foi à delegacia para registrar um boletim de ocorrência. "Na carta que nós recebemos, enviada no domingo à noite, ele escreve 'senhor pai de santo, eles mandam te matar'. Ele vem falando sobre crianças, sobre pessoas. Isso está nos preocupando demais. Espero que nós possamos fazer com que a Justiça seja feita", completa. "Desde 2022 nós estamos sofrendo ataques sobre intolerância religiosa. Nas últimas semanas nós voltamos a receber esses ataques, agora com cartas ameaçadoras, cartas que falam sobre nossas entidades, difamando nossas entidades, nossos orixás", comenta pai Faku. Intolerância religiosa na região de Campinas Números do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, plataforma on-line do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, mostram que a região de Campinas tem cerca de duas denúncias de intolerância à liberdade religiosa por mês. Ao todo, foram 27 chamados em sete cidades no ano passado (veja o gráfico abaixo). O balanço leva em consideração as denúncias feitas por moradores da área de cobertura do g1 Campinas ao Disque-100. Em 2023, o número foi o mesmo. Embora o levantamento inclua casos de intolerância a qualquer crença – inclusive ao desejo de não expressar nenhuma forma de religião –, a professora Edna Almeida Lourenço, do centro de estudos africanos e afro-brasileiros da PUC Campinas, destaca que as religiões afro-brasileiras são a mais atingidas por esses ataques. A especialista lembra que foi essa a motivação para criar a data. "Marca um fato revoltando que aconteceu com a mãe Gildasia, onde ela foi ofendida por um seguimento religioso, que culminou num infarto. Ela teve um infarto fulminante e nós perdemos a mãe Gildasia. Essa representação da intolerância que fere, mas também mata, como aconteceu, motivou esse dia 21 de janeiro". "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que eu prefiro colocar como racismo religioso, porque a base da intolerância religiosa é o racismo", pontua Edna. LEIA TAMBÉM: Intolerância religiosa: MP diz que polícia de Campinas deixa de registrar 65% dos casos e faz alerta a delegados Juiz absolve mãe denunciada por lesão corporal após levar filha em ritual de iniciação no candomblé Registros de intolerância religiosa sobem 30% em um ano na RMC É preciso denunciar Waleska Miguel Batista, professora de direito e coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da PUC-Campinas afirma que as denúncias têm aumentado em todo o país como consequência da tomada de iniciativa das vítimas de intolerância. Ela lembra que qualquer atitude que desrespeita a liberdade religiosa deve ser encarada como um crime. "A violência é sentida com os olhares, com afastamento, com palavras no ambiente do trabalho, que acham que é piada. Muitas vezes a gente escuta: 'chuta que é macumba'. Isso as pessoas acham que é só uma brincadeira. Isso é discriminação. Está atrelado a uma violência ao exercício de uma fé que você está desprezando", comenta. "Outra questão também é não aceitar que as pessoas usem seus trajes nos dias de exercício da sua fé. Isso se aplica à religião de matriz africana, mas também às outras religiões que você tenha a liberdade de exercê-la, tenha seus dias sagrados, que devem ser respeitados também, inclusive no ambiente de trabalho". Pai Faku, que conta já ter registrado outros boletins de ocorrência após ter o terreiro apedrejado a atacado com ovos, pede Justiça. "Nós, de matrizes africanas, não temos que ficar correndo das pessoas. Pelo contrário. Somos religiões que acolhem pessoas. Nós também queremos ser acolhidos pela sociedade. Acho que esse é o recado que fica". Denúncias de intolerância religiosa crescem em SP VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.