Saiba por que Campinas bateu recorde de atendimentos em saúde mental em uma década
Caps Infantojuvenil Travessia, na Vila Castelo Branco, em Campinas Jefferson Souza/EPTV Campinas (SP) já ultrapassou, em 2025, o maior número de atendimentos ...

Caps Infantojuvenil Travessia, na Vila Castelo Branco, em Campinas Jefferson Souza/EPTV Campinas (SP) já ultrapassou, em 2025, o maior número de atendimentos por transtornos mentais e comportamentais registrados em um único ano na rede pública municipal de saúde. Até o final de setembro, foram 78.866 atendimentos, superando os 75.224 casos de 2024, que até então detinham o recorde da série histórica iniciada em 2016 — confira abaixo. 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias da região em tempo real e de graça Os dados foram extraídos pelo g1 dos Sistemas de Informações em Saúde do município (Tabnet/Campinas) e excluem os atendimentos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas. Para o coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo de Souza Bruniera, fatores como uma mudança na percepção sobre o assunto e a ampliação da rede de atendimento podem explicar o aumento. 📈 Crescimento contínuo Desde 2016, quando foram registrados 13.197 atendimentos, o número aumentou quase seis vezes. A evolução por ano mostra altas consecutivas. Ao todo, foram 460.804 atendimentos por transtornos mentais e comportamentais em Campinas nos últimos dez anos. 🧠 O que explica esse aumento? Segundo o coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo de Souza Bruniera, três fatores ajudam a entender o crescimento: uma nova percepção sociocultural sobre o tema, a informatização da rede e a ampliação dos serviços oferecidos. "A gente tem efeitos da pandemia e uma série de fatores sociais que impulsionaram as buscas por atendimento nos últimos anos. Muita gente antes não procurava pelo estigma, associava cuidado em saúde mental à internação, por exemplo. A divulgação daquilo que hoje é o cuidado em saúde mental no centro de saúde, no CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), tem ajudado a quebrar esse estigma", avalia Bruniera. Outro ponto que teria contribuído para o crescimento é a digitalização dos registros. "Desde 2025, todos os CAPS registram no prontuário unificado eletrônico da pessoa, é um ganho muito grande. Até o final do ano passado, o registro era feito em prontuário físico, e aí ele não entrava nesse cálculo diretamente", explica. Além disso, segundo o coordenador, houve expansão da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com abertura de novos CAPS 24 horas, sendo um voltado ao público infantil, e o fortalecimento das equipes de saúde mental nos centros de saúde e centros de convivência. ➡ Mudança no perfil De acordo com Bruniera, houve um aumento nos atendimentos em saúde mental entre crianças e adolescentes. A avaliação do coordenador aponta mudanças sociais e maior atenção dos profissionais como fatores que influenciam esse cenário. “Tem a ver com as famílias buscarem mais, mas também a gente, o profissional de saúde, ser proativo e atento a essa demanda e se oferecer um pouco mais para esse cuidado. As duas coisas acontecem nesse contexto”, afirma. Ainda segundo o coordenador, questões relacionadas às condições de trabalho também indicam impactos importantes na saúde mental, assim como determinados marcadores sociais. 👥 Quem pode e como buscar atendimento? A porta de entrada para quem busca atendimento é o Centro de Saúde de referência, onde a pessoa é acolhida e, conforme a avaliação, pode ser encaminhada para outros serviços da rede. "O cuidado em saúde mental não pode ser só feito pelo psicólogo. Ele passa pela vacinação, pelo cuidado clínico, por uma série de outras intervenções. Então, a gente sempre orienta que busque prioritariamente o Centro de Saúde, porque vai ter um acesso um pouco mais global às questões de saúde", detalha Bruniera. Entre os serviços que compõem a rede estão os CAPS, com unidades para atender crianças, adolescentes, adultos, e pessoas com algum problema relacionado ao uso de álcool e outras drogas; centros de convivência, voltados à prevenção e reabilitação psicossocial; o consultório na rua, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade; as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), para situações de crise; e, se necessário, a internação hospitalar. Segundo o coordenador, o conselho principal é que as pessoas estejam atentas a mudanças de comportamento, tanto em si mesmas quanto em familiares ou pessoas próximas. Essas alterações podem indicar a necessidade de buscar atendimento em saúde mental. Entre os sinais que merecem atenção estão: Vivências com traços de depressão ou ansiedade mais intensas; Mudanças no padrão de vida; Atrasos no desenvolvimento, especialmente em crianças; Rebaixamento emocional percebido por pessoas próximas. VEJA TAMBÉM Saúde mental na periferia: estudo mapeia entidades, ações e impactos em jovens de Campinas VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.