Quadrilha de roubo de caminhões que agia em SP e MG era violenta e atuava 'sob encomenda', diz PF
PF bloqueia R$ 18 milhões de quadrilha especializada em roubo de cargas em SP A quadrilha desarticulada em operação da Polícia Federal, na manhã desta quar...

PF bloqueia R$ 18 milhões de quadrilha especializada em roubo de cargas em SP A quadrilha desarticulada em operação da Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (17), agia de forma organizada e violenta na prática de roubo de caminhões e cargas em diversas cidades de São Paulo e Minas Gerais. Entenda abaixo. A PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão e 17 de prisão temporária, nas cidades de Mogi Guaçu (SP), São Bernardo do Campo (SP), Diadema (SP), Guarulhos (SP), Osasco (SP) e na capital paulista. Em Guarulhos, o principal chefe da associação criminosa foi preso. Dos 17 mandados de prisão, cinco são contra pessoas que já estão presas por outros crimes. Na operação desta quarta-feira, a PF informou que oito foram presos e quatro são considerados foragidos. Ainda de acordo com a PF, também foi determinado o bloqueio de R$ 18 milhões em bens e valores ligados à quadrilha. Ao todo, 120 policiais participaram da operação, chamada de "No Rest" (sem descanso, em inglês). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp A investigação começou em janeiro deste ano e foi conduzida pela Delegacia de Polícia Federal em Campinas (SP), juntamente com o núcleo de Sorocaba (SP) do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público. "Nos últimos seis meses nós conseguimos registrar pelo menos 27 crimes deles, dos quais 26 foram roubos e um foi furto. Essa associação criminosa já vinha atuando de forma articulada", afirma o delegado chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza. Segundo os investigadores, o chefe da quadrilha morava em Guarulhos e Mogi Guaçu, e era responsável por encontrar assaltantes. Durante os roubos, os criminosos abordavam caminhoneiros em movimento ou em locais de descanso. "O que nós já percebemos, nesses três anos de atuação em roubo de cargas, é que há os escoltadores, que são pessoas que vigiam as rodovias, há aquelas pessoas que escolhem os caminhões e há aqueles que abordam, com violência, o caminhão", detalha Souza. PF cumpre mandados em seis cidades e bloqueia R$ 18 milhões de quadrilha especializada em roubo de cargas em SP Polícia Federal/Divulgação Como a quadrilha atuava? A organização criminosa começou a atuação na região de Sorocaba. Durante esse período, os criminosos mantinham uma base de apoio em Nova Odessa (SP), onde se organizavam antes e depois dos crimes. No entanto, com o reforço do policiamento feito pela Polícia Militar Rodoviária na região de Sorocaba, a quadrilha mudou a região de atuação e construiu ou alugou um galpão em Mogi Guaçu. O galpão passou a ser o centro de desmanche dos caminhões roubados. Escolha dos alvos Os criminosos miravam caminhões específicos, com base em encomendas do mercado ilegal de peças. Para isso, tiravam fotos dos documentos dos veículos e enviavam para um terceiro, que avaliava o modelo para que praticassem os crimes. Abordagem violenta A ação envolvia ao menos quatro integrantes, cada um com uma função definida, para quebrar o vidro do caminhão, render e conter o motorista, assumir a direção e ativar o jammer - aparelho que bloqueia o sinal de rastreamento. "Nós acreditamos que ainda haja mais pessoas, porque há os batedores, que são as pessoas que vão na frente do caminhão para verificar se há policiamento, e as pessoas que eles chamam de costas, que é a pessoa que vai atrás para verificar se alguma viatura da Polícia Militar Rodoviária está se aproximando", diz Souza. Os criminosos agiam com violência, usando armas e força física, segundo a PF. Essa violência seria necessária para submeter a vítima e desabilitar o sistema de segurança do caminhão ou entendê-lo. Sequestro e extorsão Os motoristas — e outras vítimas que também estivessem no veículo, como familiares — eram levados para áreas de mata, onde eram mantidos por horas. Durante esse período, o celular da vítima era usado para fazer transferências por PIX e para entrar em contato com parentes e exigir pagamentos. Os pertences das vítimas também eram roubados. A abordagem acontecia à noite ou de madrugada, enquanto os caminhoneiros estavam em descanso. Desmanche para venda ilegal de peças Os caminhões roubados eram levados para o galpão em Mogi Guaçu, onde eram desmontados. O objetivo da quadrilha era a venda de peças para o mercado ilícito. Em sua maioria, as cargas eram abandonadas pelo grupo. Tecnologia e estrutura A Polícia Federal apreendeu celulares, embalagens e documentos relacionados aos crimes. Até o momento, as armas usadas não foram encontradas. 27 crimes em 15 cidades As investigações identificaram 26 roubos e um furto praticados pelo grupo tanto no estado de São Paulo quanto em Minas Gerais, nas seguintes cidades: A maioria dos investigados tem passagens na polícia por roubo e tráfico de drogas. Eles devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, roubo e furto, cujas penas podem passar de 30 anos de prisão. Os presos serão levados para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo. Já os bens apreendidos serão encaminhados para a Delegacia de Polícia Federal em Campinas, onde está a investigação, para serem periciados e analisados. Operação 'No Rest': mandados foram cumpridos em seis cidades Polícia Federal/Divulgação VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas