Papagaio-chauá é reintroduzido em área de Mata Atlântica preservada em Alagoas
Antes do projeto, havia registro de apenas quatro papagaios-chauá vivendo na região Crédito: Divulgação O sul de Alagoas guarda cenários que encantam mora...
Antes do projeto, havia registro de apenas quatro papagaios-chauá vivendo na região Crédito: Divulgação O sul de Alagoas guarda cenários que encantam moradores e visitantes. Ao longo da costa de Coruripe, o Oceano Atlântico revela diferentes tonalidades de azul e verde, moldadas por barreiras naturais que transformam o mar em grandes piscinas a céu aberto. Um dos pontos mais conhecidos da região é o Pontal de Coruripe, considerado um dos principais cartões-postais do Estado. Além da beleza das praias, o farol do Pontal chama a atenção. Com alcance luminoso de 14 milhas náuticas — cerca de 26 quilômetros —, ele orienta embarcações e se tornou símbolo da paisagem local. Ao redor, a cultura também se faz presente por meio do artesanato produzido com o ouricuri, palmeira típica do Nordeste. Bolsas, cestos e utensílios ganham forma nas mãos de artesãs que transformam a fibra natural em peças marcadas pelo cuidado, pelo tempo dedicado e pelo afeto colocado em cada detalhe. Mas é no interior do município que Coruripe revela outra de suas grandes riquezas. Em meio às extensas plantações de cana-de-açúcar, surge uma imponente área de Mata Atlântica preservada: o Sítio Pau Brasil, do grupo que mantém a Usina Coruripe. Com cerca de 1.200 hectares, é uma área de alta relevância ecológica que abriga uma das maiores reservas nativas de pau-brasil (Caesalpinia echinata) do País – árvore símbolo do Brasil e uma espécie ameaçada de extinção. O sítio foi reconhecido pela UNESCO como Posto Avançado de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o que destaca o papel da área na conservação da biodiversidade e na promoção de pesquisa, educação e práticas sustentáveis relacionadas ao uso do ecossistema. Na reserva, o pau-brasil pode ser observado em diferentes estágios de desenvolvimento. Quando jovem, a árvore apresenta espinhos no tronco, que desaparecem à medida que ela cresce. As trilhas revelam ainda outras espécies importantes da flora, como jequitibás centenários, além de fauna típica da Mata Atlântica. “Desde a fundação da empresa, que está completando 100 anos, nós já temos um DNA de preservação. Estamos dentro da bacia do Rio Coruripe e a preservação dessa área ajuda, inclusive, a dar recarga hídrica ao rio. O que está faltando nessa floresta? Ela é silenciosa. O histórico de desmatamento e a pressão das cidades do entorno diminuíram os animais. Então, chegamos à conclusão que, além de preservar a floresta, precisamos colocar mais vida nela”, explica Bertholdino Teixeira Junior, gerente corporativo de Sustentabilidade da Usina Coruripe. Aves receberam cuidados intensivos antes do processo de soltura em Coruripe Crédito: Divulgação Papagaio-chauá Para reverter esse cenário, a reserva passou a receber um projeto de reintrodução do papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha), espécie ameaçada de extinção e típica da Mata Atlântica. O projeto, que tem apoio da BluestOne, empresa de gerenciamento de resíduos sólidos com sede em Saltinho-SP, envolve o resgate de aves apreendidas do tráfico ilegal, sua reabilitação em centros especializados e, posteriormente, a soltura monitorada na reserva. Com o suporte de patrocinadores e entidades ambientais, cerca de 60 papagaios já haviam sido transportados, há cerca de três anos, de avião até Alagoas, passando por um longo período de adaptação antes da reintrodução definitiva na floresta, em uma outra área do Estado. Antes do projeto, havia registro de apenas quatro papagaios-chauá vivendo soltos na natureza em Alagoas, o que tornou a iniciativa um marco para a conservação da fauna no Estado. “A BluestOne entrou nesse projeto desde o começo, quando já existia a ideia de inserir essa espécie aqui em Alagoas, e teve uma ação da Polícia Federal, que desmantelou uma quadrilha de traficantes e tinha uma quantidade muito grande de filhotes. Essa apreensão foi repassada para a Fundação Lymington, para cuidar desses animais – a BluestOne já era patrocinadora da fundação. Então, a gente ajudou a reabilitar esses animais e, depois, foi uma grande ação para conseguir trazer 60 papagaios para essa reintrodução”, afirma Alexandre Resende, Diretor de ESG & Sustentabilidade da BluestOne. Durante meses, as aves receberam cuidados intensivos, alimentação com frutos e sementes da mata local e treinamento para reconhecer alimentos disponíveis na natureza. Algumas delas, impossibilitadas de voar, permaneceram no viveiro como “sentinelas”, ajudando a orientar os indivíduos que já exploravam a floresta e garantindo um ponto seguro de retorno. O papagaio-chauá integra o escopo de espécies ameaçadas acompanhadas pelo Projeto Arca, do Centro Endemismo Pernambuco, uma iniciativa científica focada na avaliação, recuperação e conservação da fauna sob risco de extinção em uma das regiões mais biodiversas e ameaça-das da Mata Atlântica brasileira. “Quando um papagaio-chauá ou um grupo de papagaios estiver pela floresta, elas [as sentinelas] servem como satélites. Então, o papagaio sabe que, se apertou, não achou comida, não achou água ou precisa de um lugar seguro, ele volta para cá [viveiro]. Sempre vai ter comida no viveiro, sempre vai ter papagaio no viveiro, para que eles possam, devagarinho, começar a explorar e ocupar a floresta de novo”, afirma Luís Fábio Silveira, curador da seção de aves do Museu de Zoologia da USP, gestor científico do projeto Arca. Mais 20 A mais recente ação do projeto soltou mais 20 papagaios-chauá, dessa vez no Sítio Pau Brasil. O dia da soltura reuniu biólogos, representantes de órgãos ambientais, patrocinadores e moradores da região. Aos poucos, os papagaios ocuparam os galhos das árvores, retomando um espaço que historicamente lhes pertence. Para os envolvidos, o momento simboliza a devolução de uma função ecológica essencial à floresta e a esperança de que a Mata Atlântica volte a pulsar com mais vida. Em Coruripe, essas ações demonstram que proteger a biodiversidade é também valorizar a identidade local e garantir um futuro mais equilibrado para o Nordeste brasileiro. Com 1.200 hectares, Sítio Pau Brasil é uma das maiores reservas particulares do Nordeste brasileiro Crédito: Divulgação SERVIÇO: BluestOne Brasil Endereço: Rodovia Cornélio Pires (SP-127), km 51 – CEP: 13440-970 – Saltinho-SP E-mail: contato@bluest.one Papagaio-chauá é reintroduzido em área de Mata Atlântica preservada em Alagoas - Crédito: Divulgação