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Chamado de 'traidor' e 'sem caráter' pelo prefeito, vereador Rubinho Nunes é indicado para disputar a presidência da Câmara de SP

Rubinho Nunes foi indicado pelo União Brasil para concorrer à Presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Ele traiu o prefeito Ricardo Nunes na eleição...

Chamado de 'traidor' e 'sem caráter' pelo prefeito, vereador Rubinho Nunes é indicado para disputar a presidência da Câmara de SP
Chamado de 'traidor' e 'sem caráter' pelo prefeito, vereador Rubinho Nunes é indicado para disputar a presidência da Câmara de SP (Foto: Reprodução)

Rubinho Nunes foi indicado pelo União Brasil para concorrer à Presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Ele traiu o prefeito Ricardo Nunes na eleição de 2024. Montagem/g1/Lucas Bassi/Rede Câmara/Secom/PMSP A bancada de vereadores do União Brasil indicou na noite desta segunda-feira (1°) o vereador Rubinho Nunes como candidato do partido para concorrer à Presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Ele deverá enfrentar o atual presidente, Ricardo Teixeira, da mesma sigla, que é candidato à reeleição. Rubinho Nunes é um desafeto do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na eleição passada, Rubinho foi chamado de "traidor" e "pessoa sem caráter" pelo prefeito por ter abandonado a sua campanha à reeleição para prefeitura para apoiar a candidatura de Pablo Marçal (PRTB). 👉 Por prerrogativa, o presidente da Câmara é quem define a pauta de votações, o que pode, na prática, dificultar a tramitação de projetos de interesse do Executivo. Conforme o g1 publicou na época, após a traição, o prefeito demitiu o então subprefeito da Lapa, Luiz Carlos Smith Pepe, que tinha sido indicado por Rubinho Nunes ao cargo, e fez duras críticas ao vereador. É uma questão de time. Se você tem essa contaminação de um traidor, de uma pessoa sem caráter, sem personalidade, que é o Rubinho Nunes, é preciso restabelecer as relações no que diz respeito à participação dele no governo. Prefeitura investiga operação realizada pela subprefeitura da Lapa em Heliópolis Na ocasião, Pepe Smith era investigado pela Controladoria da Prefeitura por realizar apreensões em comércios fora da região de atuação dele, o que é proibido por lei e contrariava até o contrato firmado com a empresa que fornecia os fiscais para as operações. As operações de Pepe eram feitas sempre em parceria com o vereador Rubinho Nunes, conforme denúncia do g1 e do SP2, na época (veja vídeo acima). Em 2024, Rubinho Nunes abandonou a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) para apoiar Pablo Marçal (PRTB), que não foi para o 2° turno. Reprodução/Redes Sociais Disputa na Câmara Ao anunciar o nome de Rubinho Nunes na disputa à presidência da Câmara Municipal, o União Brasil diz que "a escolha da bancada segue a decisão do partido de cumprir o acordo formalizado em dezembro de 2024, que prevê um rodízio entre os parlamentares da sigla na presidência". Segundo comunicado do partido, o atual presidente Ricardo Teixeira não participou do encontro, assim como o presidente estadual do União Brasil, o ex-vereador Milton Leite, que também não estava presente. O g1 apurou que há uma disputa importante dentro do partido e da base do governo para ocupar a presidência da Câmara em 2026. Os vereadores Rubinho Nunes e Ricardo Teixeira (União Brasil) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Montagem/g1/Reprodução/Rede Câmara O acordo que elegeu Ricardo Teixeira incluía, de fato, um rodízio de nomes do partido na presidência da Casa, mas a preferência de Milton Leite para ocupar o posto sempre foi o Silvão Leite, ex-presidente da Escola de Samba Estrela do Terceiro Milênio, onde Milton Leite é patrono. O nome de Silvão Leite foi rejeitado pela base do governo por ser considerado inexperiente e uma espécie de "poste político" de Milton Leite. Desde a eleição que elegeu Ricardo Teixeira, no ano passado, Milton Leite tenta emplacar o aliado para ocupar a cadeira de presidente do Legislativo paulistano. Segundo vereadores muito próximos de Teixeira, a indicação do União Brasil por Rubinho Nunes é uma forma de "constranger o prefeito Ricardo Nunes", que é adepto da reeleição do atual presidente na Casa. O presidente atual da Câmara, Milton Leite (União Brasil), com seu afilhado político Silvão Leite, da escola de samba Estrela do 3° Milênio. Reprodução/Instagram A ideia, segundo aliados do governo na Câmara, é que o União Brasil - por influência de Milton Leite - indicasse o desafeto do prefeito para obrigar a base a aceitar Silvão Leite como presidente, numa espécie de 'meio de caminho' entre Teixeira e Rubinho. A manobra não conta com apoio de Ricardo Teixeira, que é considerado mais técnico e que ouve todas as partes antes de tomar as decisões e tem simpatia de vários parlamentares para permanecer na cadeira, inclusive de nomes dentro da Prefeitura de São Paulo e do próprio prefeito. No acordo da eleição de 2024, os partidos que formaram a chapa de apoio ao prefeito Ricardo Nunes decidiram que o União Brasil ficaria necessariamente com a presidência da Câmara pelo período de quatro anos. Mas esse acordo pode mudar se o partido insistir em indicar nomes que não tem aval do prefeito de São Paulo. Os aliados de Ricardo Nunes dizem que, se o União Brasil forçar a permanência de Rubinho Nunes na disputa, Teixeira pode sair do partido e disputar a reeleição em outra legenda, como o MDB, rompendo de vez com o acordo eleitoral do ano passado. Oficialmente, o União Brasil diz em nota que “a bancada se reuniu de forma independente, sem a participação do presidente do diretório municipal, Milton Leite, ou de outros membros da Executiva”. “Após a decisão da bancada ocorrida a portas fechadas, o partido se reuniu para ratificar o nome escolhido e tomar medidas legais cabíveis ao cumprimento da referida decisão pelos demais filiados. O atual presidente da Câmara, Ricardo Teixeira, não quis participar do encontro”, afirmou o partido. Reconstruindo pontes O ex-presidente Michel Temer, principal liderando do MDB em São Paulo. Marcello Casal Jr/Agência Brasil Apesar de ser considerado na oposição como "candidato do constrangimento", Rubinho Nunes – que também é aliado de Milton Leite - tem atuado fortemente para se cacifar de fato presidente da Casa e costurar os acordos necessários para alcançar a cadeira. As fontes ouvidas pelo g1 dizem que ele procurou o ex-presidente Michel Temer – cacique máximo do MDB em São Paulo - para tentar reconstruir as relações com Ricardo Nunes e fazer com que os dois ao menos voltem a se falar, para discutirem os termos de uma candidatura real à Presidência da Câmara. O prefeito ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto, mas aliados dizem que ele estaria aberto a conversas, desde que houvesse um pedido público formal de desculpas pela traição de 2024. Nas conversas reservadas com a oposição, entretanto, Rubinho tem dito que seria um "presidente mais independente do governo", segundo os vereadores do PT e do PSOL ouvidos pelo g1. Por meio de nota, Rubinho Nunes apenas comentou o seguinte: "Minha candidatura foi definida por unanimidade no União Brasil, representa o cumprimento do acordo firmado e está aberta ao diálogo com todas as bancadas da Câmara de São Paulo". União Brasil indica Rubinho Nunes para disputar a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Reprodução