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Azul terá aporte de US$ 1,6 bilhão em recuperação judicial e prevê devolução de aeronaves antigas

Companhia aérea passou pela primeira audiência na Justiça dos EUA após acionar Capítulo 11 da Lei de Falências. 'Não haverá impacto para os clientes', d...

Azul terá aporte de US$ 1,6 bilhão em recuperação judicial e prevê devolução de aeronaves antigas
Azul terá aporte de US$ 1,6 bilhão em recuperação judicial e prevê devolução de aeronaves antigas (Foto: Reprodução)

Companhia aérea passou pela primeira audiência na Justiça dos EUA após acionar Capítulo 11 da Lei de Falências. 'Não haverá impacto para os clientes', disse vice-presidente institucional. Azul detalha redução de frota e diz que recuperação judicial não terá impacto aos clientes A Azul Linhas Áreas afirmou, nesta sexta-feira (30), que a recuperação judicial da empresa, aprovada na Justiça dos Estados Unidos na primeira audiência do processo na quinta (29), prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão para eliminar a dívida. Segundo a empresa, a intenção é manter todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, conseguir um novo empréstimo. Azul detalha como será financiamento de recuperação judicial para eliminar dívida Vice-presidente da institucional da Azul, Fábio Campos detalhou, em coletiva de imprensa, como foi a primeira audiência na Justiça norte-americana, e como será o aporte de US$ 1,6 bilhão. "Parte desse capital será usada para comprar uma parte da dívida e parte para custear a operação da empresa durante esse período", disse Campos. Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas Azul/Divulgação Além disso, o vice-presidente explicou que a redução de 35% na frota, já anunciada no momento do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, na verdade, se trata da devolução de alguns modelos de aeronaves mais antigos, que deixaram de ser usados. A maioria dos aviões é da categoria Embraer E-1. "Isso não quer dizer uma redução. Boa parte desses aviões são aviões que já estavam paradas por falta de motores, ou falta de peças e por isso já não estavam atuando na frota da Azul. Outra parte desse número na verdade são pedidos futuros, pedidos de aeronaves que viriam em 2027, 2028 e 2029, e que a Azul vai renegociar nesse processo de reestruturação financeira. A ideia é voar cada vez mais com aeronaves de última geração", explicou. Segundo a companhia, as devoluções visam otimizar as operações com menor custo, com modelos novos, mais econômicos, que seriam incorporados enquanto contratos de leasing (aluguel de aeronaves) seriam encerrados. Capítulo 11 da Lei de Falências A companhia entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. Por que as principais companhias aéreas do Brasil tiveram que pedir recuperação judicial? Capítulo 11: entenda o que é o mecanismo e a diferença para a recuperação judicial brasileira Segundo a aérea, o processo de recuperação nos Estados Unidos "permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira". Segundo Fábio Campos, a corte norte-americana aprovou os aproximadamente 20 pedidos feitos pela empresa na primeira audiência de recuperação judicial. 'Sem impacto para clientes' e 'sem demissões' Segundo o vice-presidente da Azul, o processo de recuperação judicial não terá impacto para os clientes e a operação seguirá normalmente, sem nenhuma alteração. "A empresa já ingressou no seu processo de reestruturação e a nossa operação segue normal. Tudo será honrado em relação aos nossos clientes. A empresa segue operando com o nosso valor número 1 que é a segurança. Nada será afetado em relação à segurança dos clientes", explicou. Além disso, Campos garantiu que a empresa não prevê, mesmo com a recuperação judicial em curso, fazer pacotes de demissão em massa. "Nossa prioridade é 100% esse processo nos Estados Unidos, mas não prevemos nenhuma ação de corte, como demissões, por exemplo", pontuou. Reduzir dívida e gerar caixa A Azul informou que o objetivo da medida é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa. A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines. Pandemia, cadeia de suprimentos... Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação. O que está por trás da suspensão de rotas e cancelamentos de voos pela Azul: CEO cita corte de custos, falta mundial de peças e dólar alto Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que "acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul". O governo acredita que a reestruturação será bem-sucedida, como ocorreu com outras empresas do setor, como Latam e Gol. O ministério reforçou que segue monitorando o setor aéreo e oferecendo apoio institucional às companhias. Recuperação judicial da Azul: relembre os problemas da companhia aérea Problemas recentes O processo de recuperação judicial é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos. Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas. Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais "forte do que nunca" e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos. Avião da Azul decola do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Ricardo Moraes/ Reuters Rotas suspensas: CEO da Azul cita corte de custos, dólar alto e falta mundial de peças 'Não vou voar onde estou perdendo dinheiro' Na entrevista ao g1 em janeiro, John Rodgerson apontou corte de custos, opção por rotas mais lucrativas, falta mundial de peças e motores, alta do dólar como fatores para as suspensões de voos no início do ano. Relembre a entrevista no vídeo acima. "Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível", disse à época. O CEO pontuou que embora tenha anunciado a suspensão de rotas, a Azul permanece expandindo o mercado. "Antes da pandemia, a Azul operava em 110 cidades do Brasil. Hoje estamos em 160, e vamos para 150 com esses fechamentos, mas estamos servindo muito mais cidades que servíamos antes", afirmou. VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias da região no g1 Campinas